Como uma frase de agradecimento tornou-se em um decepcionante sentimento de obrigação?
Recentemente estive palestrando em uma cidade do interior de São Paulo, e ao chegar, percebi que poucas pessoas utilizavam o cinto de segurança no carro. Ao questionar um morador, obtive a incrédula resposta: “As autoridades não multam aqui por estar sem cinto.”
Daí vem a pergunta que faço sempre que vou apresentar meus serviços para alguém, e esta pessoa comenta sobre as exigências legais:
Estamos utilizando um produto ou serviço porque é obrigatório por lei ou estamos preocupados com o nosso bem-estar?
Infelizmente, 90% das respostas serão concentradas na obrigatoriedade da lei, e isso, nos leva a um problema extremamente grave. Se não existe a consciência da benfeitoria, será feito apenas o necessário para atender a legislação.
É como se ainda na escola estivéssemos estudando para tirar somente o que nos resta pra passar de ano. O que nos leva a outra consequência, que apenas uma frase pode explicar:
“O que não vale a pena ser BEM FEITO, não vale a pena SER FEITO.” Abraham Maslow
Pois bem, o mesmo indivíduo que estudou sobre a teoria das motivações, descobriu o lema das desmotivações, e isso, hoje em dia, além de ser costumeiro, passa a ser preocupante.
Apenas nos últimos anos pudemos ver uma maior valorização dos serviços de Segurança do Trabalho e Ergonomia, mas não pelo mérito dos benefícios de nossa profissão. Simplesmente pelo aumento da fiscalização, que é ótimo por sinal, mas nos leva a um possível aumento da demanda por serviços e um provável e já notável aparecimento de prestadores oportunistas, que irão vender seus serviços, muitas vezes, se não todas, alertando sobre as punições legais.
Isso quer dizer que, hoje, as pessoas só usam cinto de segurança, capacete, óculos de proteção, filtro solar, ou até mesmo, compram móveis e cadeiras e demais componentes pois tem de se enquadrar à lei.
Esses dias entrei em contato com um fornecedor de cadeiras para uma cotação, apesar de ter minha preferência, é sempre bom fazer cotações em diversos fornecedores. Durante a entrevista, o vendedor garantiu que “uma pessoa pode usar a cadeira por 10 horas por dia, durante 05 anos, sem afetar a qualidade do produto, justamente por atender todas as normas brasileiras de confecção das mesmas.”
Percebam que a preocupação do vendedor não era o bem estar da pessoa que faria o usufruto do produto, mas sim à resistência do mesmo, independente das condições de trabalho. Bom, já disse que terei um artigo só sobre cadeiras, então não vou prolongar o assunto.
Sim, este é o cenário que vivemos, mas como podemos mudar isso?
Hoje ofereço meus serviços de ergonomia, onde o foco principal é a otimização da produtividade, resguardando os recursos humanos. Não é um argumento fácil de sustentar, porém demonstrar que o objetivo final é colocar a saúde de TODOS em primeiro lugar para ter mais qualidade de vida, pode ajudar a compreender a verdadeira missão do ergonomista.
Não estou aqui para fazer análise ergonômica do trabalho. Estou aqui para fazer as pessoas sorrirem, no trabalho e fora dele. Missão que acredito compartilhar com vários amigos e profissionais.
Afinal, o que é mais gratificante o preço do presente ou a satisfação do aniversariante. Ou em nossas palavras o valor recebido ou o sorriso expôntaneo de agradecimento?