No ensino fundamental aprendemos a clássica expressão matemática onde 1+1=2. Com o passar dos anos e experiência adquirida, logo vemos que não se trata de uma verdade absoluta. Para a ergonomia, 1+1 nunca é igual a dois.
Não vou entrar muito no contexto matemático que consta com uma vasta literatura na internet e em livros, como este artigo, muito menos explicar a equação acima, retirada de outro texto entitulado “1+1=2 para engenheiros“.
Entretanto, farei uma breve explicação sobre o problema de identificar dois postos de trabalhos como sendo iguais, abordando os três domínios da ergonomia: física, organizacional e cognitiva.
Vamos analisar, como exemplo, um posto de trabalho, cuja jornada de trabalho é de 8 horas em 2 turnos, sendo das 6 às 15h e das 14:45 às 22:45h. Ambos contam com uma hora de refeição.
Pensando, primeiro em Ergonomia Física (EF), temos, que o trabalhador da manhã, não tem as mesmas características físicas do trabalhador da tarde e, provavelmente, diferentes limitações. Por limitações compreendemos as medidas do corpo humano, sistema fisiológico e biomecânico. Cada corpo reage de uma maneira diferente em cada ambiente e, principalmente, em cada período do dia.
Para efeitos de estudo, como gostam de fazer os físicos e matemáticos, a temperatura encontra-se estável e agradável durante todo o período de trabalho, as mesas, cadeiras e demais equipamentos são os mesmos para ambos. Já, a pressão sofrida pode variar muito durante o período de trabalho.
Vejam que já estamos no limiar da Ergonomia Organizacional (EO) com a Cognitiva (EC), já que, por pressão compreendemos: intervenções e demandas de produção, com interpretação e resolução de problemas.
Acredito que não precisaremos nos alongar mais para descobrir que dois turnos em uma empresa, ou duas pessoas no mesmo setor, com as mesmas tarefas e os mesmos equipamentos e ferramentas, jamais serão iguais, apesar de semelhantes.
O maior perigo para qualquer análise ergonômica é tratar duas pessoas como seres iguais e não semelhantes.
Talvez a expressão matemática mais aconselhável seria:
1x + 1y = n
Onde n seriam as milhões de possibilidades que podem ocorrer nessa adição, isso considerando um cenário onde x e y são positivos, ou seja, estejam convictos e comprometidos com sua missão dentro da empresa.
Só de pensar nisso já lembro do meu estimado professor de matemática do colégio, Prof. Lauro Ivan Tangerino, com seus incansáveis exemplos e exercícios de álgebra.
Temos então que um posto de trabalho, um setor e uma empresa são sistemas complexos que devemos, não só, estudar a soma dos fatores, como a interação entre eles.
Vale lembrar que em uma análise ergonômica do trabalho, podemos encontrar grupos homogêneos, que representam um conjunto suscetível aos mesmos riscos ergonômicos, porém deixam clara a diferença entre as unidades.
Aliás, uma análise ergonômica do trabalho é pontual, valida até o dia em que as variáveis sejam alteradas. Por esse motivo decidi, neste artigo, não me aventurar muito na matemática: começamos na aritmética, passamos pela álgebra e agora, provavelmente, falaríamos de cálculo.
O importante é reconhecer que precisamos estar sempre atentos não só às diferenças físicas entre os indivíduos, como também às variáveis organizacionais e cognitivas, e assim evitarmos um equívoco na determinação dos riscos envolvidos e consequentemente uma resolução incorreta do problema.
C.Q.D.